quarta-feira, 13 de setembro de 2017

E-mail indica pagamento de passagem para Miller quando ele ainda era procurador

© O ex-procurador Marcello Miller - Divulgação / MP-MG

BRASÍLIA - Um e-mail trocado entre Marcello Miller e a advogada Esther Flesch indica que o escritório Trench, Rosse e Watanabe Advogados, que defendia a JBS, pagou uma passagem aérea para Miller enquanto ele ainda era procurador e antes mesmo até do pedido de exoneração do cargo. O e-mail trata da emissão de passagens no valor de R$ 1.106,85 de ida e volta entre Rio e São Paulo no dia 13 de fevereiro deste ano. Miller só pediu para deixar o cargo em 23 de fevereiro e somente em 5 de abril foi efetivamente exonerado.

O e-mail que trata da passagem aérea foi anexado junto com uma resposta enviada por Miller a Flesch no dia 14 de fevereiro com o título "sobre o caso que discutimos ontem". No e-mail, Miller fala sobre aspectos técnicos de ações que o Ministério Público de São Paulo movia contra a JBS por improbidade por questões concorrenciais. Miller destaca que como a prática da empresa era nacional seria possível deslocar a competência para o Ministério Público Federal. Faz ainda uma análise crítica para a advogada sobre colegas do Ministério Público de São Paulo: "nenhum deles tem reputação conspícua, seja por trabalhar demais, seja por querer aparecer demais". Conspícuo quer dizer "visível", "facilmente percebido".

A resposta do então procurador foi dada justamente no e-mail que trata da passagem. Enviada a ele por Flesch no dia 10 de fevereiro, a passagem prevê o deslocamento entre Rio e São Paulo no dia 13 com a saída do aeroporto Santos Dumont às 7h45 e o retorno com partido do aeroporto de Congonhas às 14 horas. A advogada havia recebido o bilhete de outra funcionária do escritório.

O escritório entregou vários e-mails para a Procuradoria-Geral da República no dia 6 de setembro, dois dias depois do procurador Rodrigo Janot ter anunciado a abertura de processo para rever a delação da JBS justamente porque um áudio de conversa entre Joesley Batista e Ricardo Saud sinalizar a participação de Miller nas negociações para a colaboração dos executivos enquanto ainda atuava como procurador.

Nos e-mails entregues constam informações sobre as negociações de honorários entre o escritório e a JBS. Tanto Miller quanto Flesch já deixaram a banca de advogados.

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